terça-feira, 10 de maio de 2011

O som que ecoa em todos os cantos e que arrepia as notas

 Num dia tudo parece uma serena melodia que ainda não se conhece a si mesma. À medida que se progride, torna-se numa melodia trágica, no auge da sua força, sem acabar a sua fúria. Nada é eterno,e então esmorece-se a melodia, num tilintar de notas que se abraçam, como se estivessem à procura de calor humano num dia de inverno.
 Ouvi uma melodia assim e, parece que me acompanha, para onde quer que vá. Não sei se hei de fugir ou de me agarrar aos suspiros que a melodia deixa sair. Assim sinto-me acompanhada e consigo enfrentar as situações que me aparecem.
 Não posso enfraquecer, não posso ter medo, não  me posso refugiar. Sinto um misto de medo de falhar e de coragem para ultrapassar os obstáculos, sinto que tenho mesmo de o fazer.
 Sei que nem tudo o que sou, sou eu. Nunca fui eu completamente, porque falta-me uma parte de mim. Sei qual a sua forma, o seu encaixe, como encontrá-la. Mas, não é a altura certa, agora. Este agora que me obriga a ser assim, autoritária e por vezes dura. Pura e dura como uma pedra acaba de sair de um vulcão, que mal saiu já solidificou as suas ideias.
 Nestas linhas gastas pelo tempo continuo o meu caminho, aliás somos feitos dos desperdícios do Universo. E quem diria que somos tão diferentes no modo em que pensamos, quando somos feitos das mesmas partículas.
 E continuo a olhar pela janela, arrepiada pelas notas crepitantes que saem a todo o momento sem avisar, este som tão familiar e distinto continua a ecoar por todos os meus cantos e assim sei onde estou - longe...

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