domingo, 15 de maio de 2011

Processo de transformar

Quando pegamos no barro húmido, que quase parece recém tirado da terra, é fácil moldá-lo e fazer o que queremos.
À medida que o tempo passa, é cada vez mais difícil moldá-lo porque a água esvai-se dos seus poros e torna-o numa massa amoldável, conservadora e que respeita todas as constantes que, tradicionalmente regem este mundo e, talvez outros...
Seria, de facto, uma decepção se um dia me tornasse uma estátua, de um barro que secou, sem sequer ter sido moldado. Isso, seria o mesmo que voltar a cometer os mesmos erros vezes sem conta, pois a suas marcas não ficaram lá.
Isso explicaria, realmente, de que somos feitos e o porquê das acções de algumas pessoas. Se amanhã atirasse esse barro seco e sem possibilidade de moldar, à parede, decerto se desfaria em pedaços, como um castelo que rui por falta de cuidados do seu monarca.Foi esquecido para um canto até voltar à luz da ribalta, onde assumiria a sua real importância.
Embora, nestas palavras que escrevo, pareça determinista e com ideias conservadoras, não o sou. Porque acredito naquele processo de juntar de novo água, como se fosse um elixir da verdade, e poder voltar a moldar esse barro, essas mentalidades.
Por isso é fulcral ao longo da nossa vida moldarmo-nos mas não nos deixarmos perder nessas moldagens, que podem alterar uma configuração desejável e, menos confusa que este texto.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Movimento inerte

Se tudo parasse agora, poderia rapidamente deslocar-me e assim mudar o que quisesse. Quando estamos em movimento é mais difícil mudar as coisas sem nos deixarmos perder no ritmo acelerado em que vivemos.
Agora que penso queria ter feito mais coisas, ter sido diferente e evitado. As decepções poderiam ter sido evitadas.
Mundo cão, este em que todos somos presas e predadores.
Porquê que eu fui escolher esta sorte de ser assim. E, falo como tivesse escolhido...
Amanhã talvez seja melhor e o rio não esteja tão límpido. A claridade ofusca e fere os meus olhos famintos de vida

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Desejo de férias: isolamento

Há dias em que chamo pelo isolamento, para me cobrir nesse manto que me deixa serena.
Onde me posso fechar no egocentrismo e reflectir sobre o caminho que tenho que seguir. Talvez se me isolar fique em paz, mas não me posso deixar esquecer lá.
A distância é fulcral para conseguir viver em harmonia com o meio biótico e abiótico. Talvez não se partam tantas coisas se estivermos sozinhos, sem ninguém para incomodar.
Estou cheia de todos, estou cheia de ser assim. Não posso mudar de caminho agora que a contagem decrescente se está a aproximar do fim!
Quando me livrar de tudo talvez me liberte das correntes e ande à deriva para encontrar o que quero.
Quero amar ao sol sem preocupações, quero correr pelos meus sonhos antes que voem infinitamente no céu, como os balões de hélio com estranhas figuras que as crianças seguram na mão.
Não quero discutir nem estar em constante desilusão e diálogos com palavras pesadas. Só mais um mês e, estou livre de todo este peso humano que jorra a potes para cima de mim!

terça-feira, 10 de maio de 2011

O som que ecoa em todos os cantos e que arrepia as notas

 Num dia tudo parece uma serena melodia que ainda não se conhece a si mesma. À medida que se progride, torna-se numa melodia trágica, no auge da sua força, sem acabar a sua fúria. Nada é eterno,e então esmorece-se a melodia, num tilintar de notas que se abraçam, como se estivessem à procura de calor humano num dia de inverno.
 Ouvi uma melodia assim e, parece que me acompanha, para onde quer que vá. Não sei se hei de fugir ou de me agarrar aos suspiros que a melodia deixa sair. Assim sinto-me acompanhada e consigo enfrentar as situações que me aparecem.
 Não posso enfraquecer, não posso ter medo, não  me posso refugiar. Sinto um misto de medo de falhar e de coragem para ultrapassar os obstáculos, sinto que tenho mesmo de o fazer.
 Sei que nem tudo o que sou, sou eu. Nunca fui eu completamente, porque falta-me uma parte de mim. Sei qual a sua forma, o seu encaixe, como encontrá-la. Mas, não é a altura certa, agora. Este agora que me obriga a ser assim, autoritária e por vezes dura. Pura e dura como uma pedra acaba de sair de um vulcão, que mal saiu já solidificou as suas ideias.
 Nestas linhas gastas pelo tempo continuo o meu caminho, aliás somos feitos dos desperdícios do Universo. E quem diria que somos tão diferentes no modo em que pensamos, quando somos feitos das mesmas partículas.
 E continuo a olhar pela janela, arrepiada pelas notas crepitantes que saem a todo o momento sem avisar, este som tão familiar e distinto continua a ecoar por todos os meus cantos e assim sei onde estou - longe...

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Um dia claramente pardo

 Tive um dia chato, cheio de trabalho e meio vazio de emoções. Quis parar tudo para poder sentir o nada em que me encontro, pois tudo tem um aroma associado. Já não sinto o aroma do nada desde que tenho tido este trabalho todo. É viciante sentirmo-nos ocupados e utéis, mas a saudade pesa quando queremos escrever sobre o nada que somos, o tudo que sentimos e não sabemos explicar e o intermédio de movimentos que nos fazem executar certas acções, para que desta abatida existência se forme algum produto desejável.
 Um dia pardo é um dia de penumbra, de criação, de uma luz difusa na escuridão, que aponta o caminho. Apesar de tudo temos de ser nós a encontrá-lo.
 Se tinha tempo para sentir o nada, tive. Mas como deito fora os restos do dia, apenas me deito a pensar no que irá acontecer amanhã sem ter vivido o hoje.

A arrogância como condição da superioridade

 Ás vezes é simplesmente necessário ser arrogante. Quando a mediocridade nos impede de caminhar pelos caminhos da dignidade, é estritamente necessário encontrar outro caminho, sob pena de fazermos essa caminhada sozinhos e com alguém que nos vigia, sempre em busca das nossas falhas.
 A arrogância pode e muitas vezes é expressamente uma condição da superioridade, pois por vezes só assim conseguimos encontrar novas soluções e fazer com as nossas ideias deixem de ser ignoradas.
 Há dias em que tenho de agir assim, como se tivesse sempre razão e que sou a única capaz de arrastar o mediocre para dentro de quem o trouxe e libertar caminho para o que deve desfilar nas ruas do que é de facto aceitável.
 Não posso explodir, não posso errar, não posso perecer. Tenho de continuar nas minhas alturas para vencer. Como já disseram uma vez: a mediocridade é aplaudida, o que é digno e bom é invejado. Por isso é que as coisas melhores são as mais difíceis de alcançar!